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segunda-feira, 7 de março de 2011

Engolir

Engole essas dores... Esses desejos e conceitos.
Engole também as lembranças doces e amargas
O som da voz, o brilho do sorriso e as palavras!
Engole direito esse choro inconstante e a falta de coragem...
Engole a vontade de dizer: EU TE AMO
E dar vazão ao sentimento que sempre EXISTIU...
Engole a tal infantilidade que se esconde atrás da fuga!

Engolir é um ato
Não forma poesia nem poema
Não resolve problemas nem ajuda a voltar no tempo
Apenas transforma saudade reprimida
Em salivas pausadas e secas
Engole essa frieza e falta de compaixão com os outros
Elas vão congelar seus órgãos!

...Degusta do prato de ilusões que você mesmo montou
Com sentimentos alheios!
Não deixe restos, rastros, dúvidas. ENGOLE os malditos medos!
Quando o dia clarear e o abrir de olhos for involuntário
Engula o vazio e a falta que tanto atormentam...

Trague com todas as forças esse maço de vivências cessadas
Nas entrelinhas dos dias que vão seguir
Deixe a música fluir e rememore na escuridão
O que podia ser novamente e não foi.
Engole de uma vez as chances que escaparam pelos dedos
E permaneça com as cobranças e o passado.

Embale-se no ritmo dessa tradição de engolimento
E tente palpar uma lágrima
Olha pra quem você é... E engula o abraço não dado.
A palavra não dita e ação não confirmada!
Engole a ansiedade de quem espera um sorriso seu
Continue engolindo até sentir uma queimação
Incontrolável... Insuportável... Atormentável
....
Ixi! Explodiu.


Ofega! Respira! Rasteja! ENGOLE


Kétleen Villalba Rocha

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